quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Projeto de vida - À procura de um tesouro


Quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável” (Sêneca). Convidamos você a navegar, em algumas linhas da vida, para uma conversa sobre como temos recebido os ventos que a vida nos oferece. Que rumos minha vida tem tomado de acordo com o curso, a rota, ou melhor, conforme o projeto de minha existência?

O mundo globalizado, motivado pelos interesses pessoais, enfraquece as relações sociais, as instituições e, também, os compromissos duradouros. Nesse contexto reina o individualismo, o consumo, o prazer subjetivo de uma sociedade midiática, norteada pelos reality shows que se espalham nos meios de comunicação, baseada na imagem, no que você aparenta. Talvez por esses e outros motivos encontramos tantos(as) jovens em depressão, envolvidos(as) com a violência, o tráfico, e com o extermínio de jovens.

O mapa

Queremos convidá-lo(a) para o desafio de navegar com um destino. Imagine que encontrou um mapa e este o leva a navegar até um tesouro escondido em uma ilha desconhecida. O tesouro transformará sua vida, irá organizá-la para a felicidade e fazer com que outras pessoas sejam felizes. Contribuirá com a organização dos diversos aspectos de sua vida, sejam eles pessoais, profissionais, sociais, afetivos...

O tesouro escondido chama-se Projeto Pessoal de Vida (PPV). Iremos ao encontro de uma proposta que busca a profundeza do ser humano, um caminho de opções processuais e de constante discernimento. Com a certeza de tomar decisões com liberdade, responsabilidade e compromisso. Contudo um caminho dinâmico e que necessita de revisão e reelaboração, sempre que necessário. O PPV fará com que navegue por um curso reflexivo a partir do corpo (nosso ser material), do espírito (o existencial e o psíquico) e a relação com mundo interior. Na relação com essas três dimensões, teremos a possibilidade de dialogar e relacionar-se conosco mesmos(as), com o outro, o ecossistema, o transcendente, buscando o sentido e o horizonte de nossa vida.

Os passos

Decisão: momento de refletir e analisar se realmente quero ter um projeto pessoal de vida, se quero navegar contra a correnteza, com posturas diferenciadas.

Elaboração: momento de colocar a “mão na massa”, escrever minha história, para que possa ter-me em minhas próprias mãos. Descrever: Onde e como estou? Quais são os meus sonhos (pessoais, sociais, familiares, acadêmicos, profissionais...)? Que decisões e ações efetivas são necessárias para que esses sonhos se concretizem? Onde e como devo atuar no cotidiano para alcançar meus sonhos? É um momento de olhar o caminho, de fazer o encontro com você mesmo, de clarear o processo a ser feito, em vista de uma missão que propõe a doação e a entrega da vida em prol da felicidade plena - sua e dos que o cercam.

Acompanhamento: ao elaborar seu projeto de vida, é importante que escolha uma pessoa com mais idade, que tenha uma história e uma relação com você. Seja alguém em quem confie e a quem você esteja disposto a entregar sua vida, sua história, para que ele(a) possa contribuir no processo de acompanhamento e escuta do caminho que está trilhando.

Revisão: o projeto de vida só será eficaz se for revisto de tempos em tempos, revisitado sempre que a vida passar por mudanças e, se necessário, ser elaborado levando em consideração o contexto vivido.
É necessário esclarecer que o projeto de vida pode ser feito da maneira que achar melhor, sendo criativo e simples, ao mesmo tempo. Faça da forma como seu coração mandar. Utilize apenas papel e caneta. Faça algo com fotografias, recortes, desenhos. Mescle os dois, enfim, fique à vontade!

Não podemos deixar de dizer que muitos ventos tentarão levá-lo para outros destinos. Citamos a superficialidade, a dificuldade de entrar em nossa vida, o consumo enraizado que nos faz colocar na balança os valores de nossa existência, a falta de tempo e dificuldade de ter prioridades, a falta de horizontes, a ausência de espaços para atuar e fazer acontecer o nosso projeto e a escassez de pessoas dispostas a nos acompanhar.

Os desafios gerarão em nós diversas crises. Momentos que podemos chamar de ostra, nos quais nos recolheremos para olhar fundo em nosso ser. É nessa dinâmica que serão geradas as pérolas para enriquecer a nossa vida, transformar nosso projeto e embelezar o nosso navegar. Faz-se necessário, cada vez mais, a existência de pessoas conscientes e comprometidas com a vida.

Verbo ser (Carlos Drummond de Andrade)
Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer?
Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa,
E cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.

Questões para debate:

1 - Você concorda com os autores de que há momentos em que parecemos “ostras”? Você já passou por isso?

2 - Que sentimento a poesia de Carlos Drummond de Andrade desperta em você?

3 - Por que há necessidade de se fazer um projeto de vida?


Autores: Raquel e Joaquim (Pastoral da Juventude)


Fonte: Adital

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

JMJ: História da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora


A Cruz da JMJ ficou conhecida por diversos nomes: Cruz do Ano Santo, Cruz do Jubileu, Cruz da JMJ, Cruz Peregrina, muitos a chamam de Cruz dos Jovens porque ela foi entregue pelo papa João Paulo II aos jovens para que a levassem por todo o mundo, a todos os lugares e a todo tempo.
A cruz de madeira de 3,8 metros foi construída e colocada como símbolo da fé católica, perto do altar principal na Basílica de São Pedro durante o Ano Santo da Redenção (Semana Santa de 1983 à Semana Santa de 1984). No final daquele ano, depois de fechar a Porta Santa, o Papa João Paulo II deu essa cruz como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade. Quem a recebeu, em nome de toda a juventude foram os jovens do Centro Juvenil Internacional São Lourenço em Roma. Estas foram as palavras do Papa naquela ocasião:

"Meus queridos jovens, na conclusão do Ano Santo, eu confio a vocês o sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Carreguem-na pelo mundo como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciem a todos que somente na morte e ressurreição de Cristo podemos encontrar a salvação e a redenção". (Sua Santidade João Paulo II, Roma, 22 de abril de 2004).

Os jovens acolheram o desejo do Santo Padre. Levaram a cruz ao Centro São Lourenço, que se converteria em sua morada habitual durante os períodos em que ela não estivesse peregrinando pelo mundo.
Desde 1984, a Cruz da JMJ peregrinou pelo mundo, através da Europa, além da Cortina de Ferro, e para locais das Américas, Ásia, África e agora na Austrália, estando presente em cada celebração internacional da Jornada Mundial da Juventude. Em 1994 a Cruz começou um compromisso que, desde então, se tornou uma tradição: sua jornada anual pelas dioceses do pais sede de cada JMJ internacional, como um meio de preparação espiritual para o grande evento.
O Ícone de Nossa Senhora
Em 2003, o Papa João Paulo II deu aos jovens um segundo símbolo de fé para ser levado pelo mundo, acompanhando a Cruz da JMJ: o Ícone de Nossa Senhora, "Salus Populi Romani", uma cópia contemporânea de um antigo e sagrado ícone encontrado na primeira e maior basílica para Maria a Mãe de Deus, no ocidente, Santa Maria Maior.
"Hoje eu confio a vocês… o Ícone de Maria. De agora em diante ele vai acompanhar as Jornadas Mundiais da Juventude, junto com a Cruz. Contemplem a sua Mãe! Ele será um sinal da presença materna de Maria próxima aos jovens que são chamados, como o Apóstolo João, a acolhe-la em suas vidas" (Roma, 18ª Jornada Mundial da Juventude, 2003)

Bote Fé: Dioceses de SP preparam acolhida da cruz da JMJ


Em entrevista coletiva concedida na manhã desta quarta-feira (31), a presidência do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que compreende as dioceses do Estado de São Paulo, falou sobre a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), realizada em Madri, Espanha, entre os dias 16 e 21 de agosto, e sobre a preparação da próxima JMJ, em 2013, no Rio de Janeiro, evento que já começa com a  acolhida da cruz e do ícone de Nossa Senhora, no dia 18 de setembro, em São Paulo.
O presidente do Sul 1, cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, o vice-presidente, Dom Moacir Silva, bispo de São José dos Campos, e o secretário geral, Dom Tarcísio Scaramussa, bispo auxiliar de São Paulo, falaram aos jornalistas sobre a organização da peregrinação dos símbolos da JMJ que percorrerão todas as dioceses do Estado de São Paulo, seguindo para todo o país até chegar à capital fluminense em julho de 2013.
Dom Odilo afirmou que o anúncio da sede da próxima JMJ trouxe muita alegria á Igreja no Brasil e também trouxe a missão de preparar a Jornada Mundial da Juventude de 2013.
Para marcar a acolhida da cruz e do ícone no Brasil, está sendo organizado um grande evento de evangelização intitulado “Bote Fé”, que acontece das 9h às 21h, no Parque de Materiais da Aeronáutica (PAMA), próximo ao Campo de Marte, com shows, reflexões sobre a jornada e testemunhos de peregrinos que foram à Madri.
O cardeal Scherer lembrou que a cruz da JMJ foi entregue pelo Papa João Paulo II, idealizador da Jornada Mundial da Juventude. “A cruz é sempre um indicativo de Jesus Cristo para convocar os jovens a se encontrarem com Cristo”, explicou. Da mesma forma o ícone de Nossa Senhora indica a presença materna da Mãe de Jesus junto aos seguidores de Cristo. “Onde está Jesus, está a sua mãe. Onde Está a Igreja, que é a comunidade dos discípulos, ali está a mãe do Senhor, a mãe dos discípulos”.

Por isso, explicou Dom Odilo, ao serem acolhidos nas dioceses, os dois símbolos ajudarão o povo dessas localidades a tomar consciência da jornada que está sendo preparada.
O presidente do Sul 1 também explicou que pelo fato de o Brasil ser um país muito grande, a cruz e o ícone chegarão já neste ano, quando o costume é que esses símbolos comecem a peregrinar pelo país sede da JMJ a partir do domingo de Ramos do ano que antecede o evento. “Para percorrer as 275 dioceses do Brasil é preciso muito tempo”, explicou.
Dom Tarcísio explicou que as 41 dioceses que compõem o Regional Sul 1 da CNBB estão se organizando para acolher a cruz e o ícone. Ele informou, ainda que em cada uma dos sub-regionais acontecerão eventos comuns, também intitulados de “Bote Fé”. Cada diocese irá elaborar um itinerário interno para que os símbolos peregrinos da JMJ se façam presentes nas diversas realidades de cada local, como escolas, cárceres, etc. “Para nós cristãos, [a peregrinação da cruz] significa celebrar também que a redenção de Jesus Cristo continua acontecendo nos locais de sofrimentos de nossas cidades”.
Depois de percorrerem o Estado de São Paulo, a cruz e o ícone seguem para Minas Gerais em seguida para os demais estados. Também está prevista a peregrinação dos símbolos pelas capitais dos países do Cone Sul – Buenos Aires (Argentina), Assunção (Paraguai), Santiago (Chile), Montevidéu (Uruguai). Em breve a CNBB divulgará o itinerário oficial da cruz, bem como as demais edições do “Bote Fé” previstas para acontecer nos 17 regionais da conferência.
Os bispos reafirmaram que a realização das atividades da JMJ, a começar pela peregrinação da cruz e do ícone, é uma oportunidade para reafirmar a preocupação da Igreja com a evangelização da juventude e no protagonismo dos jovens na sociedade.

Fonte: http://www.jovensconectados.org.br

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Ter fé é bom para a Pátria


A celebração do Dia da Pátria, no aniversário da independência do Brasil, oferece-nos a ocasião para algumas considerações. Como pessoas de fé estamos conscientes de que não temos aqui cidade permanente, mas estamos a caminho da pátria que há de vir (cf Hb 13,14); mas temos também clara consciência de sermos cidadãos deste mundo, com uma pátria que nos acolhe e serve de casa; somos membros de um povo, com o qual nos identificamos e para cujo bem estamos – e devemos estar – inteiramente comprometidos.
É bem verdade que a globalização vai trazendo à tona, sempre mais, a noção da pertença a uma família humana grande e única, com a qual nos devemos sentir ligados e solidários. A própria Igreja, na sua antropologia e no seu magistério social, vai divulgando esta consciência e não poderia ser diferente. Cremos num único Deus e Pai, que a todos quer bem, como a filhos, e quer que vivam como irmãos. Um povo não pode ser indiferente aos outros, nem deixar de se interessar pelo bem e pela sorte sempre mais compartilhada por todos os membros da comunidade humana. Limites territoriais, tradições culturais, diferenças raciais, heranças históricas e interesses econômicos, em vez de contrapostos, deveriam ser cada vez mais conjugados e harmonizados.
A recente Jornada Mundial da Juventude, em Madrid, com a participação de jovens de 170 países diferentes, convivendo em harmonia e solidariedade, e compartilhando os mesmos princípios essenciais, mostrou que o sonho de uma família humana integrada e vivendo em paz não é irreal. A impressão que se tinha, é que todos fossem irmãos, filhos de uma única grande família, onde as diferenças não dividiam, mas somavam e enriqueciam.
Isso mesmo também já pode acontecer em nosso Brasil? Somos um país imenso, com uma variedade muito grande de etnias, tradições culturais, situações locais e regionais, com riqueza e pobreza que se mesclam por toda parte e desníveis sociais ainda imensos, apesar do esforço que já se faz para a superação da miséria e para possibilitar a ascensão social da grande massa de pobres, que o país ainda tem. Nosso país pode ser justo e solidário, como convém aos membros de uma mesma família?


É nisso que acreditamos; e nesta tarefa, todas as pessoas de fé são chamadas a participar com convicção e esperança. Para nós, cristãos e católicos, de modo especial, está claro que a fé não pode ser desvinculada de nossa participação na edificação do mundo, à luz dos valores do reino de Deus. Bom cristão também precisa ser bom cidadão. O ensino social da Igreja traz-nos as diretrizes para traduzir o Evangelho para o nosso viver e agir neste mundo.
Além de cumprir os deveres cívicos, como os demais cidadãos, qual outra contribuição as pessoas de fé podem dar para o bem de um povo? Esta questão mereceria uma longa reflexão, pois nos introduz no próprio sentido da religião, frequentemente questionado. Temos algo de próprio para contribuir para o bem da humanidade e da Pátria. A própria fé em Deus, bem vivida e manifestada publicamente, com as convicções que dela decorrem traduzidas em cultura, é uma contribuição fundamental para o bem comum. A fé bem vivida e testemunhada enriquece o convívio social, de muitos modos.
Quando se dá espaço para Deus, também o homem cresce em importância: sua dignidade, seus direitos e o sentido de sua vida neste mundo são iluminados. Quando se exclui Deus do convívio humano, da esfera privada ou pública, começam a pairar sombras sobre a existência humana e a faltar bases sólidas para os valores e as virtudes e as relações sociais. Ter fé em Deus e manifestá-la abertamente, indo às suas consequências éticas e antropológicas, faz bem à Pátria.
                                                                                                              
Card. Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo - SP

Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 06.09.2011
Fonte: http://www.cnbb.org.br


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Cruz da JMJ 2013 e Ícone de Nossa Senhora chegam ao Brasil no próximo dia 18 de setembro


No próximo dia 18 de setembro, o Brasil recebe a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora, símbolos da Jornada Mundial da Juventude, que será no Rio de Janeiro em 2013, conforme anunciou oficialmente o papa Bento XVI ao encerrar  hoje a Jornada em Madri. A Cruz será recebida pela arquidiocese de São Paulo de onde partirá em peregrinação para as 274 dioceses do país ao longo dos dois anos de preparação do maior evento católico para jovens do mundo.
A Comissão da arquidiocese de São Paulo, organizadora do evento, preparou uma grande festa para acolher a Cruz, que chegará às 16h ao Campo de Marte, em São Paulo. Uma missa será celebrada às 16:30h, seguida de show.
De acordo com a Comissão, o objetivo da festa é celebrar a chegada da Cruz no Brasil e provocar o entusiasmo nos jovens e nas famílias de todo o país para participar da JMJ e do roteiro de peregrinação da Cruz preparado para o período de 2011 a 2013.
Um grande show católico reunirá vários cantores ao longo de todo o dia 18 de setembro, a partir das 9h, no Campo de Marte, aguardando a chegada da Cruz, que ficará no Estado de São Paulo até 31 de outubro, seguindo para Belo Horizonte (MG), onde chegará no dia 19 de novembro para a peregrinação nas diocese do Regional Leste 2 da CNBB (Minas Gerais e Espírito Santo).
Neste Regional, a Cruz ficará durante o mês de novembro. A última parada da Cruz antes de ir para o Rio de Janeiro será no Vale do Paraíba, em março de 2013.
 Fonte: http://www.cnbb.org.br


sábado, 3 de setembro de 2011

Jornada Mundial da Juventude 2013


Artistas Católicos gravam clip para chega da Cruz em São Paulo

Em junho mais de 80 músicos católicos se reuniram nos estúdios de Paulinas-Comep para um momento de formação sobre a evangelização da juventude e ofereceram sua contribuição para o projeto "Bote Fé". Os cantores se uniram para a gravação de uma música do grande cantor e compositor Pe. Zezinho, deixando assim, uma mensagem em forma de canção para os jovens. O resultado deste trabalho está neste vídeo, que traz uma mensagem de unidade e fé que fala do grande símbolo da Jornada Mundial da Juventude que é a cruz. O "Bote Fé" é uma iniciativa da Comissão Episcopal Pastoral para Juventude da CNBB, que justamente com as dioceses, pastorais e movimentos, quer chamar atenção para a evangelização da juventude. O "Bote fé" vai agitar a capital paulista no dia 18/09, no Campo de Marte, com uma programação especial durante todo o dia e a acolhida da cruz da Jornada Mundial da Juventude que em 2013 será no Brasil.



O que é a jornada?

A Jornada Mundial da Juventude foi criada pelo Papa João Paulo II em 1985, e consiste numa reunião de dezenas de milhares de pessoas católicas, sobretudo jovens. O evento é celebrado a cada dois ou três anos, numa cidade escolhida para celebrar a grande jornada em que participam pessoas do mundo inteiro. Nos anos intermédios, as Jornadas são vividas localmente, no Domingo de Ramos, por algumas dioceses ao redor do mundo. Para cada Jornada, o Papa sugere um tema.
Durante as JMJ, acontecem eventos como catequeses, adorações, missas, momentos de oração, palestras, partilhas e shows. Tudo isso em diversas línguas. Em sua antepenúltima edição, na Alemanha em 2005, reuniu cerca de um milhão de jovens. Apesar de ser proposta pela Igreja Católica, é um convite a todos os jovens do mundo. Para João Paulo II, "…a esperança de um mundo melhor está numa juventude sadia, com valores, responsável e, acima de tudo, voltada para Deus e para o próximo."
A Jornada Mundial da Juventude foi celebrada pela primeira vez, de maneira oficial, no Domingo de Ramos de 1986, em Roma. A partir de 1987 e depois, a cada dois anos, como regra geral, organiza-se a Jornada Mundial da Juventude em algum lugar determinado do mundo.
Em 1987, os jovens foram convocados a Buenos Aires, onde 1 milhão de participantes escutaram as seguintes palavras do Papa: "Repito ante vós o que venho dizendo desde o primeiro dia do meu pontificado: que vós sois a esperança do Papa, a esperança da Igreja." (…) Dois anos depois, 600 mil jovens foram em peregrinação à cidade espanhola de Santiago de Compostela. Em 1991, 1 500 000 participantes participaram da Jornada no santuário mariano da cidade polonesa de Czestochowa. Depois da queda do Muro de Berlim, essa foi a primeira ocasião em que os jovens do Leste Europeu puderam participar sem problemas do evento.
Meio milhão de jovens encontrou o Papa João Paulo II em 1993, na cidade americana de Denver. Diante do impressionante cenário das Montanhas Rochosas.
O maior encontro de todos os tempos teve lugar em 1995, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude em Manila nas Filipinas, 4 milhões de jovens aplaudiram o Papa que evocava a relação com o próximo.
Em 1997, foram muitos jovens que responderam ao convite do Papa para a Jornada em Paris, que terminou com um evento reunindo quase um milhão de pessoas. O Jubileu do ano 2000 converteu-se também no jubileu das Jornadas Mundiais da Juventude. Cerca de 2,5 milhões de jovens (segundo a imprensa local) reuniram-se em Roma para um novo mega-encontro com o Papa.
A cidade canadense de Toronto foi o palco do encontro de 2002 onde 800 mil pessoas encontraram-se para a última Jornada com o peregrino João Paulo II. O Papa lembrou a todos que o espírito jovem é algo que não pode ser sufocado: "Vós sois jovens e o Papa é idoso, e ter 82 ou 83 anos não é a mesma coisa que ter 22 ou 23. Todavia, ele continua a identificar-se plenamente com as vossas esperanças e as vossas aspirações. Juventude de espírito, juventude de espírito! Embora eu tenha vivido no meio de muitas trevas, sob duros regimes totalitários, tive suficientes motivos para me convencer de maneira inabalável de que nenhuma dificuldade e nenhum temor é tão grande a ponto de poder sufocar completamente a esperança que jorra sem cessar no coração dos jovens."
A Jornada entre os dias 16 e 21 de Agosto de 2005 em Colónia na Alemanha (XX Jornada Mundial da Juventude, XX Weltjugendtag Köln 2005 em alemão), foi a primeira após a morte do Papa João Paulo II. O evento foi presidido pelo Papa Bento XVI na que foi a primeira viagem internacional do seu pontificado, e em que mais de um milhão de jovens se ajoelharam junto com o Papa na vigília de 20 de agosto. Nem a variedade de linguâs, culturas, distanciaram os jovens um dos outros.
Em 15 de julho de 2008, em Sydney na Austrália, iniciou-se a XXIII Jornada Mundial da Juventude sob o tema: "Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas" (At 1, 8). Em 20 de julho, na missa de encerramento, o Papa convocou os jovens do mundo todo para a XXVI Jornada Mundial da Juventude de 2011 em Madri na Espanha. No ultimo dia da Jornada Mundial da Juventude em Madri o papa Bento XVI anunciou a cidade brasileira do Rio de Janeiro como proxima sede do mega evento católico em 2013.

 Fontes:

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Jovens na universidade




Os jovens na universidade, bem como em outras instituições e realidades, configuram um tema de alta relevância para governos, instituições outras, famílias e Igreja Católica. Essa importância se consolida ao se considerar os números, em que pese o desafio de milhares e milhares de outros jovens que estão fora deste lugar, direito seu, particularmente aqueles em situação de risco social e humanitário.
O censo de educação superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) - Ministério da Educação (MEC), de 2009, contabilizou um número de quase seis milhões de jovens que frequentam a graduação nas instituições de ensino superior no Brasil. Neste número estão os 522.462 graduandos em Minas Gerais. A educação católica cuida de 65.167 dos 246.722 estudantes nas várias instituições de ensino superior católicas de norte a sul, leste a oeste do País. Um serviço educativo e formativo capitaneado pela Associação Nacional de Educação Católica (ANEC), com competência, seriedade e fidelidade a princípios éticos e de sustentabilidade. Um passo novo e ainda recente, mas sólido e consistente como fruto de amadurecidos e bem trabalhados projetos e ações nesta história da Igreja Católica.
Na verdade, a história da educação católica configura a da educação nas civilizações, merecendo particular relevo, por nos dizer respeito diretamente, na história da civilização no mundo ocidental. A PUC Minas tem aí uma grande responsabilidade educativa. Esta educação católica está presente, igualmente de maneira significativa, em número e serviços formativos, pelo Brasil afora.
No horizonte desta responsabilidade educativa integral põe-se o desafio da evangelização da juventude. Não se cumpre apenas uma tarefa de formação técnica e profissional, ressaltada a sua importância e o comprometimento com sua alta qualidade, para o bem destes mesmos jovens e visando o futuro da sociedade brasileira. A identidade católica é uma marca incontestavelmente importante e indispensável, em se tratando de valores e princípios, da fonte inesgotável do Evangelho de Jesus Cristo, a serem aprendidos e vividos, oportunizando a edificação da cultura da paz e o sonho de avançar nas conquistas próprias da civilização do amor.                  
  A identidade e missão católicas marcam um diferencial que agrega possibilidades de respostas no entendimento e transformações urgentes na complexidade da realidade contemporânea, particularmente no que se refere aos jovens e suas demandas formativas. Esta é também uma missão nas instituições de ensino estatais e privadas, respeitadas as dinâmicas e limites próprios, considerando-se a laicidade das instituições governamentais e privadas. É direito e dever cuidar da fé cristã e católica na vida destes jovens que, ao entrar nestas instituições, já estão marcados com o selo de opção religiosa e confessional - um direito a ser respeitado e um patrimônio a ser cultivado por configurar, determinantemente, a identidade pessoal, familiar e cidadã. Esta tarefa está emoldurada e iluminada pela renovação, de maneira eficaz e realista, da opção preferencial pelos jovens na Igreja, em estreita união com suas famílias. É essencial a tarefa de propor aos jovens o encontro com Jesus Cristo e seu seguimento na Igreja, garantindo-lhes a realização plena da dignidade de ser humano. Também a formação da personalidade e uma formação gradual, à luz da fé e dos valores cidadãos, para ação social e política e mudança de estruturas.
O Documento 85, Evangelização da Juventude, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (2007), é norteador na compreensão dessa missão que já está dando frutos e abrindo perspectivas promissoras no trabalho com as juventudes do Brasil. 2013, ano da Jornada Mundial da Juventude no Brasil - já em estado missionário de preparação, será enriquecido com a Campanha da Fraternidade, tratando este tema nas dioceses e paróquias do País. Como momento importante, que precede a Jornada Mundial no Brasil, em Belo Horizonte, se realizará o II Congresso Mundial de Universidades e Universitários Cristãos Católicos, como aconteceu, neste ano, em Ávila, Espanha, antes do admirável evento da Jornada Mundial de Madri, consolidando a convicção de que a Universidade Católica é fortíssimo instrumento evangelizador e na formação da cultura da paz. Basta pensar a importância de formar profissionais e formadores de opinião, no presente e para o futuro, marcados com os valores cristãos.
A Arquidiocese de Belo Horizonte, por meio da PUC Minas, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e a Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação - setor Universidades assumem, com alegria missionária, a realização deste evento para garantir avanços na tarefa de qualificar a formação e a evangelização dos jovens na universidade.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte - MG

Fonte : www.cnbb.or.br





segunda-feira, 25 de julho de 2011

Você é maniqueísta?




Talvez alguns dos leitores se tenham perguntado: «Mani... o quê? Não terá sido um engano de alguém que deseja falar de manicures ou de maquinistas?»

Na antiga filosofia escolástica, começava-se a lição explicando os termos. É o que faremos também nós.
Filho da redução do pensamento e pai da intolerância, o maniqueísmo tem por fundador Mani, um sincretista religioso que viveu no século II da era cristã. Juntando elementos do cristianismo e de algumas religiões orientais, defendeu uma visão dualista da história e da sociedade. De acordo com sua doutrina, o mundo está dividido em duas forças antagônicas: o Bem e o Mal, a Luz e as Trevas, Deus e o Diabo, num estado permanente de beligerância. Saiba ou não saiba, queira ou não queira, cada ser humano, pelo simples fato de nascer e viver, passa a integrar uma das duas frentes.
O maniqueísmo parece ter-se integrado tão profundamente na alma da humanidade, que só se extinguirá... no final do mundo! A estruturação dualista da sociedade é um dado inquestionável. A tentação de sempre é colocar as pessoas, os acontecimentos e as doutrinas em margens opostas, num antagonismo irreconciliável: direita/esquerda, opressor/oprimido, alma/corpo, amigo/inimigo, capitalista/comunista, católico/evangélico, homem/mulher, povo/elite, índio/fazendeiro, branco/negro, e assim por diante. O aspecto negativo de tudo isso não são as diferenças – são elas que enriquecem a sociedade quando se busca a comunhão, a justiça e o bem comum –, mas a tendência a olhar para os outros como adversários que precisam ser eliminados, através da luta de classes.
Quem leva o maniqueísmo às últimas consequências não são apenas os regimes totalitários, construídos sobre a arrogância – ou a fraqueza? – de quem não admite divergência. Ele está mais vivo do que nunca em toda a parte, inclusive no seio da sociedade moderna, que passa por avançada e tolerante. O que fez a Revolução Francesa, que disse ter nascido para libertar a humanidade da escravidão e da tirania, senão massacrar a quem ousava divergir de seus critérios e métodos? Até as religiões que contam em seu seio com uma multidão de mártires, colaboraram – e algumas continuam colaborando – para a eliminação dos “inimigos”...
Para o filósofo e político italiano, Augusto Del Noce, o maniqueísmo contaminou a própria Igreja: «Para o pensamento católico de sempre, o esquema que interpretava a história e seus acontecimentos passava pelos antônimos fé/descrença, religião/ateísmo, devoção/impiedade, sagrado/profano. Mas, ao aceitar as categorias da modernidade, a perspectiva de muitos homens da Igreja também aceitou um novo esquema, sintetizado nas dicotomias: progressista/conservador, direita/esquerda, reação/revolução. A interpretação religiosa da história foi substituída pela interpretação política. Às categorias tradicionais de verdadeiro/falso e bom/mau sucederam as de “progressista” (é o novo “santo” da atualidade: ninguém segue o Evangelho se não for da esquerda!) e “reacionário” (o pecador por excelência: quem é da direita é anticristão).
“Na nova escala de valores de certos eclesiásticos, o verdadeiro antagonista com quem o cristão deve se confrontar não é mais o antirreligioso, o blasfemador, o ateu. Eles são vistos como próceres de um cristianismo anônimo e nobre, cujas acusações os cristãos devem acolher com reverência contrita, fazendo de seus postulados um tesouro salutar. O verdadeiro inimigo é o integrista, ou seja, o católico que toma a sério a própria fé, que não se conforma em vê-la reduzida a um sentimento humanitário ou a um valor comum, mas a transforma em diretriz e perspectiva de toda a sua atividade”.
Para o maniqueísmo, os ímpios e os pecadores estão sempre na margem oposta. O que se deve fazer é lutar e destruí-los – para que nós, os bons, tomemos o seu lugar! Até o dia em que Deus deixa cair a casa e se descobre que o bem e o mal estão presentes no coração de cada homem, como experimentava São Paulo em sua própria carne: “Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço aquilo que não quero, não sou eu que o faço, mas o pecado que habita em mim. Quem me libertará deste corpo de morte? A graça de Deus, por meio de Jesus Cristo!” (Rm 7,19-20.24).

Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo de Dourados, MS
Fonte: www.cnbb.org.br

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Cineasta Moira Toledo defende o uso da educação audiovisual na inserção social

“A percepção da sociedade é que os jovens devam ser educados para a mídia, pois os jovens são catalisadores das mudanças sociais brasileira. Se utilizarmos a educação audiovisual para melhorar a educação do país, teremos uma sociedade melhor, mais crítica e voltada ao social”, disse a professora da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), pesquisadora e doutora em educação visual, Moira Toledo, no painel “Documentário, ficção e vida cotidiana”, da manhã de hoje, 19, do 7º Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom). Moira falou sobre a qualidade de ensino com a utilização de recursos audiovisuais e a mudança de comportamento das crianças que se utilizam desse artifício.
Segundo Moira Toledo, após ministrar aulas de audiovisual para crianças de várias comunidades carentes do Rio de Janeiro, ela afirmou que consegue perceber a mudança de comportamento das crianças e jovens. “Nossa sociedade precisa ser educada a decifrar o que se passa na televisão. Precisamos ser mais críticos com o que nos é imposto todos os dias. E com as oficinas, as crianças conseguem entender mais como é feito os programas de TV, como manipular uma câmera e principalmente, o que aquela mensagem que passa a TV quer dizer”, explicou.
“Como preparar a juventude pra fazer uma leitura crítica da Televisão? Fazer uma construção ou uma desconstrução do que é feito na televisão? Ensine arte visual!”, exclamou Moira.
A professora Moira fez um levantamento para saber quantas entidades, no território nacional, trabalham ou trabalharam com arte visual nas escolas públicas desde o ano de 1995. No seu estudo, Moira descobriu que até o ano de 2009, 132 entidades trabalham com áudio visual como meio de inserção social, sendo 17 estados, mais o Distrito Federal (DF), em 38 cidades diferentes, 68,1% ainda estão ativas e 28% inativas, atingindo 25.665 alunos atendidos e 3.233 vídeos produzidos.
Mesmo com todos esses dados, Moira afirma que pelo menos 400 professores ensinam arte visual sem nunca ter lido um livro sobre o assunto ou feito um curso de capacitação. “Mesmo sem ter feito um curso sequer, o professor continua ensinado arte visual na prática, porque acredita que aquilo está ajudando a mudar a mentalidade dos jovens”, disse Moira.
“O cinema de periferia é no fundo, no fundo, conta a história de vida dos cineastas”, finalizou Moira Toledo.
Fonte : http://www.cnbb.org.br

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A importância da comunicação na vida da Igreja

Nestes dias acontecem dois grandes eventos relacionados com a comunicação: o 1º Seminário de Comunicação para os Bispos do Brasil e o 7º Mutirão Brasileiro de Comunicação. Encontros estes que querem aprofundar a importância desse assunto para a missão evangelizadora da Igreja.
Quando falamos em comunicação, estamos nos referindo ao processo comunicacional e a toda e qualquer forma de transmissão de mensagens, conteúdos ou informações para outras pessoas. O termo comunicação é abrangente e não se restringe apenas aos meios midiáticos (rádio, TV, jornal impresso, site etc.), mas a toda e qualquer forma de relacionamento humano.
Falar da Comunicação como espaço sociocultural para se realizar a evangelização no mundo contemporâneo significa abordar, sobretudo, um contexto de sociedade que se transforma numa velocidade alucinada, marcado pelos avanços tecnológicos, principalmente pela era digital, que provoca mudanças sociais e de costumes, onde o mundo das comunicações se apresenta como uma área cultural de grande importância a ser refletida pela Igreja.
A Igreja, em sua missão evangelizadora, tem que comunicar Jesus Cristo, Senhor da Vida, nosso Salvador! Para comunicar essa Boa Notícia supõe-se que a pessoa que o faz seja evangelizada e não apenas saiba as técnicas da comunicação. É a Igreja e sua missão que falam por si mesmas há dois mil anos e que tendem a ocupar um espaço muito maior no terceiro milênio. Esse fato tem relevância quando percebemos que estamos inseridos nesse meio e fazemos parte dessa história. Essa é a história que nos compete. Somos chamados a atuar e a ser "instrumentos de salvação" na história vivida de nossa cotidianidade. Esta sociedade midiática é o "lugar teológico" para cada um de nós, cristãos!
A principal imagem da Igreja é Cristo nos mistérios da encarnação, morte e ressurreição. Sendo assim, a Pastoral da Comunicação tem uma importância muito grande na vida de qualquer paróquia, pois tudo o que é feito e realizado em nossas comunidades tem como objetivo a evangelização.
Sabemos que não existe evangelização sem comunicação. Evangelizar implica necessariamente em comunicar. Até mesmo o testemunho de vida como ação evangelizadora é um pressuposto e também uma forma de comunicação. O ato de testemunhar é comunicar com a própria vivência a mensagem do Evangelho. As pessoas testemunham porque outras entendem e captam a mensagem que elas transmitem através da sua forma de viver. E as mudanças rápidas das tecnologias de comunicação têm a ver com a vivência da fé cristã, quando pensamos, por exemplo, que estamos imersos numa cibercultura, a cultura virtual, que expressa o surgimento de um novo universo, sem totalidade. Um universo de técnicas, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem e que exercem influência sobre a fé e a vivência da religiosidade.
A Pastoral da Comunicação cumprirá o seu papel em nossas Dioceses, Paróquias e comunidades quando assumir a formação e o compromisso de conscientizar todos os ministros ordenados e os agentes de pastorais da necessidade de se comunicar, e comunicar-se bem. Só comunica quem tem algo a dizer. E nós temos a mais importante mensagem, conteúdo, a notícia e informação a ser anunciada: a pessoa de Jesus Cristo. Trata-se, então, de estabelecer um diálogo entre Evangelho e comunicação, aprofundando as palavras de Paulo VI, no documento sobre a evangelização Evangelii Nuntiandi, que afirma: "a ruptura entre o Evangelho e a cultura é, sem dúvida, o drama da nossa época" (EN, 20). Esta expressão é reconfirmada por João Paulo II em outro documento, sobre as missões, Redemptoris Missio (37).
Neste contexto, é preciso levar em consideração, entretanto, que não é apenas a existência de novos aparatos tecnológicos (estamos na era digital!), mas trata-se também de conhecer, compreender a revolução de linguagem que estamos vivendo nesse início do terceiro milênio. Mudam os paradigmas, sobretudo os métodos para explicitar a fé. Daí a importância e o convite para a Teologia conhecer, refletir e "iluminar" esse revolucionário "lugar teológico", que sempre mais provoca a mudança de referências, linguagens e métodos pastorais na evangelização atual.
Essa missão, por si só, exige de cada um de nós a excelência na comunicação. Comunicar é dever do cristão, um compromisso que assumimos com a Igreja de Cristo em anunciar o amor de Deus a todas as pessoas.
O Documento de Aparecida nos exorta a uma Conversão Pastoral. A Pastoral da Comunicação de toda a Igreja quer se abrir a esta mudança, deixar-se guiar pela ação do Espírito Santo que comunica em cada um de nós a presença viva do Cristo Ressuscitado. Queremos buscar a excelência em todas as formas e meios de comunicação, com o objetivo de evangelizar com renovado ardor missionário. Esta é a nossa missão, que nestes dias, aqui no Rio de Janeiro, bispos provenientes de todo o Brasil participam do SECOBB, e na próxima semana haverá a oportunidade de milhares de pessoas interessadas em construir juntos a comunicação participarem do Muticom.
Que todos nós possamos continuar comunicando com renovado ardor a Palavra da Vida!
Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro - RJ

Fonte: http://www.cnbb.org.br/

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A ERA DAS PEQUENAS EMINÊNCIAS

Excelente é mais do que bom. Alguém é excelente quando sua atividade, seus talentos e suas qualidades estão acima da média. Na Igreja Católica dá-se o título de “Excelência” aos bispos. “Eminência” é título dado a dignitários eclesiásticos que se distinguiram em alguma liderança e foram nomeados cardeais. São estes irmãos chamados cardeais que, por exemplo, elegem o Papa. Eles sabem do seu limite e das exigências da Igreja. A quem mais se confiou deste exige-se mais!...
Nos últimos 30 anos no Brasil, com o crescer da mídia tenho observado outro tipo de eminências. São até excelentes e acima do comum no que fazem, e certamente mereceriam reverências e vênias, porque, por seu trabalho na mídia estenderam o púlpito da Igreja. Só por isso já mereceriam aplausos. Quem atua na mídia sabe que não é simples nem fácil manter uma emissora de rádio ou de televisão e atuar nela todos os dias. Quem não atingiu a fama, tendo ou não procurado este destaque, não tem idéia dos meandros e das curvas e ciladas de um microfone, uma câmera ou um palco. E as piores ciladas começam dentro do pregador que acha que é o que não é, e que insiste em chamar os holofotes para a sua pessoa. E pobre de quem ousar fraternalmente c hamá-lo às falas ou negar-lhe o espaço que ele acha que pode e merece ocupar... Nem cardeais escolhidos pelo Papa são tão ciosos de seu papel de eminência...
Refiro-me a pelo menos dez entrevistas de teólogos, cantores e padres famosos que nessas últimas décadas foram à grande mídia não católica ou até anti-católica, lavar a roupa suja de seus conflitos contra seu bispos, contra o papa, contra outras pastorais e contra outros padres. Não se contentaram com os foros que há na Igreja para resolver tais diferenças. Deram entrevistas em páginas amarelas de revistas de grande alcance, em programas de grande repercussão na televisão para justificar suas escolhas, seu casamento, sua rebeldia e seu jeito de ser famosos.
Quem leu a revista “Veja” de 17 de abril de 2011 teve ali um triste exemplo de imaturidade e do que significa sentir-se mais eminente do que se é. É o tipo de entrevistas que deveria ser lida e analisada em todos os seminários e movimentos católicos para os futuros pregadores aprenderem como não ser nem fazer quando tiverem nas mãos um microfone. Chega a ser patética...
O ainda jovem, mas ultra-famoso sacerdote que vendeu milhões de discos e livros, vai a público e confessa sua mágoa e indignação, passados quatro anos, contra a diocese e alguns líderes da mesma que, segundo ele, o humilharam e boicotaram, não lhe permitindo o destaque que ele achou que merecia quando o Papa esteve entre nós no Brasil.
Foram palavras dele na entrevista até agora não desautorizada por ele. Culpa aqueles líderes por sua quase depressão, porque negaram-lhe a realização do sonho de estar diante do Papa. Acabaram escolhendo outro e relegando-o a uma atuação secundária, ao amanhecer, em lugar onde havia poucas pessoas. Acusou-os de dor de cotovelo. Por que outros e não ele que fez tanto pela Igreja?...
Mesmo depois de, mais tarde, haver recebido em Roma um prêmio de excelente evangelizador não se aplacou. Pela segunda vez diante da grande mídia, ainda magoado disse que interpretava aquele prêmio como “um cala boca” à diocese que não lhe dera o devido destaque na vinda do Papa quatro anos antes, ao Brasil. Em dado momento reclama que dos padres do Brasil apenas um ligou para cumprimentá-lo pelo prêmio. E dá a entender que não precisa do apoio deles... E declara que ainda espera uma manifestação da CNBB por sua conquista... Psicólogos dariam um nome para esse tipo de atitude...
Tudo, dito com realces de que é humilde, não é arrogante, é padre e usa batina; e com ataques pesados aos padres que não usam batina, deixando claro que a batina protege o padre contra o assédio das mulheres... Chega ao ponto de dizer que a batina é a “maior identidade sacerdotal”. Ora, padres e leigos sabem muito bem que o hábito não faz o monge. Confunde uniforme com identidade e identificação com identidade... Vão por aí as diatribes e o desfile de suas mágoas contra o boicote sofrido...
Mas ele não é o único. Há ex-religiosos famosos que falam contra as ordens e congregações que pagaram seus estudos, dizendo que lá não podiam exercer a caridade nem cuidar de sua família... Outros chamaram a gravadora católica onde começaram de incompetente ou de gravadora de fundo de quintal... E houve quem não hesitou em dizer que no Vaticano foi tratado com truculência. Como ninguém esteve lá para ver, fica a palavra dele contra o Vaticano que não costuma dar esse tipo de entrevistas-resposta aos padres insatisfeitos que atacam suas doutrinas ou disciplinas. Não satisfeitos em discordar, semeiam discórdia!
O fato tr iste e digno de um debate é que pregadores estão indo à mídia lá fora, lavar a roupa suja de seus conflitos com as autoridades de sua igreja. Não são poucos os que deixam as comunidades religiosas que os formaram para trabalhar como gostam e no que gostam, numa outra diocese. E vão sem a menor culpa. E há os que mudam de diocese, para estar diante de microfones e câmeras, ou para tocar adiante seu projeto pessoal que acham mais importante para a Igreja do que os projetos do grupo religioso onde pronunciaram seu voto de obediência...
Diante das exigências de seu grupo que agora, depois da oportunidade ser eminentes lhes parecem absurdas, simplesmente saem em busca de um púlpito mais aberto às suas aspirações. Talvez estejam certos, talvez não! Mas a ingratidão com que se portam, mostra que escolheram a si mesmos e o seu projeto. Não há retribuição...
O que deve ser objeto de reflexão é a franca disposição de pressionar o bispo, a diocese ou a ordem a reconhecer os seus talentos. Valem-se de todos os meios, inclusive a estratégia de expor para o país inteiro seu conflito pessoal com as dioceses onde atuam. O bispo, que não é tão famoso, acaba em situação delicada. Não pode falar o que sabe e não pode expor ainda mais o pregador que já se expôs além da conta! O padre queixoso aparece como vítima que até cai em depressão, porque a diocese não reconheceu a sua liderança...
Está tudo claro e sem rodeios nas entrevistas tipo lavanderia! Na era das eminências que mais do que auto-estima vivem um clima de altíssima estima de si mesmos, um pouco de ascese não faria mal aos futuros comunicadores da fé. Se não forem reconhecidos, com o sem batina o colarinho, mostrem que realmente têm fé e seguem os evangelhos. Perdoem e recolham-se à sua significância q ue nunca será insignificância, mas que também não pode ser supra-relevância.
Ficar deprimido porque não foi valorizado na vinda do Papa? Um pregador da fé? Não teria sido muito mais cristão manter a boca fechada, solicitar audiência, ir ao líder da diocese e ali derramar suas mágoas? Tinha que ir às páginas amarelas de uma revista que sabidamente não prima em elogiar a Igreja que o ordenou pregador?... Francamente! Institua-se urgentemente nos seminários desde o primeiro ano um curso de Prática e Crítica de Comunicação. É que algumas atuações têm andado abaixo da crítica!...

 Pe. Zezinho, scj.